À medida que as cidades crescem e se transformam, a mobilidade urbana se estabelece como uma base crucial para comunidades sustentáveis e resilientes. No centro dessas transformações, a liderança feminina está desempenhando um papel fundamental na promoção da bicicleta como uma solução inovadora para desafios urbanos. Mulheres em cargos de liderança estão utilizando sua influência para criar cidades mais acessíveis, limpas e inclusivas através do incentivo ao uso da bicicleta.
A bicicleta transcende o papel de um meio de transporte ecológico, ela é vital para enfrentar os desafios urbanos. Com uma visão ampliada da bike, gera-se renda, cidadania, fortalecimento de economias locais e melhoria da qualidade de vida para as pessoas. E quando integrada em políticas de transporte inclusivas e inovadoras, pode criar cidades mais justas.
A integração da bicicleta nas políticas urbanas ganha ainda mais força quando as mulheres estão na linha de frente da tomada de decisão. Isso não é apenas uma questão de equidade, mas uma oportunidade para transformar a forma como nos deslocamos e vivenciamos as cidades. Ao analisar o cenário mundial, vemos que prefeitas e líderes femininas estão demonstrando como políticas centradas na bicicleta podem levar a decisões que melhor atendam a sociedade.
Ao priorizar políticas centradas na bicicleta, essas líderes têm demonstrado uma abordagem inovadora e equilibrada para o planejamento urbano. Anne Hidalgo, atualmente prefeita de Paris, Claudia Sheinbaum, que deixou o cargo de prefeita da Cidade do México em 2023 para assumir a presidência do México, e Ada Colau, ex-prefeita de Barcelona, têm sido notáveis defensoras da bicicleta como uma solução para uma mobilidade mais sustentável e inclusiva. Hidalgo, por exemplo, impulsionou a expansão significativa das ciclovias e promoveu restrições ao uso de carros; Sheinbaum integrou o ciclismo com o transporte público; e Colau implementou os “Superblocos” para criar zonas mais seguras para ciclistas e pedestres. No Brasil, prefeitas como Ivana Maria Bertolini Camarinha de Pederneiras e Leandra Guedes de Ituiutaba também lideram iniciativas que melhoram a infraestrutura cicloviária e promovem o uso da bicicleta.
Além dos exemplos já mencionados, é importante destacar que elas têm sido pioneiras na criação de políticas que incentivam a mobilidade ativa e a integração do ciclismo com outros modos de transporte, como o transporte público. Frequentemente adotam uma abordagem colaborativa, envolvendo a comunidade na tomada de decisões e adaptando as políticas às necessidades locais. O impacto dessas iniciativas vai além da melhoria da mobilidade: elas ajudam a promover um senso de pertencimento e participação cidadã, ao mesmo tempo em que fomentam uma cultura de inovação e resiliência urbana.
No entanto, mulheres à frente das prefeituras no Brasil infelizmente ainda é um acontecimento raro. Segundo o Censo das Prefeitas Brasileiras (Mandato de 2021 a 2024), mulheres governam apenas 12% dos municípios no Brasil, e as mulheres negras representam apenas 4%. Esses números evidenciam a necessidade urgente de aumentar a participação feminina e, especialmente, de mulheres negras na política local. A sub-representação ressalta um duplo desafio: a luta pela igualdade de gênero e a busca pela equidade racial. Para diminuir esse gap é essencial adotar estratégias que garantam acesso igualitário às oportunidades políticas e ofereçam suporte específico para candidaturas de mulheres de diversas origens.
No Instituto Aromeiazero, acreditamos na importância da diversidade na liderança e na promoção de políticas públicas que verdadeiramente atendam às necessidades da comunidade.
E, não é por acaso que estamos engajados na campanha “Mobilidade Sustentável nas Eleições” em Macaé, Rio de Janeiro, ao lado de outras organizações como a Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro, + Ciclovias e Giro Livre. A campanha também conta com nosso apoio em São Paulo-SP, juntamente com a Ciclocidade, Cidade A Pé, Quadro Preto, Giro Preto, MInha Sampa e União de Ciclistas do Brasil, que está articulando esforços a nível nacional. O objetivo é influenciar as candidaturas aos cargos de vereadores e prefeitos para que incluam a bicicleta, a mobilidade a pé, o transporte público coletivo e a acessibilidade sobretudo em periferias em seus programas de governo e propostas de mandato.
Que continuemos a apoiar a revolução da bicicleta como uma ferramenta fundamental para um futuro mais justo, igualitário e sustentável.
Juliana DeCastro, assistente de Captação do Instituto Aromeiazero (organização que promove projetos através da bicicleta para reduzir as desigualdades e tornar as cidades mais resilientes.
